13.12.07

Posta Vulgaris

Ética

Não fui à tropa mas fui à caça. Ou melhor, o meu pai era caçador e levava-me com ele. Ia eu e a Joana, uma cadela perdigueira, que lhe obedecia religiosamente. Mais do que eu.
Aquelas caminhadas por montes e vales, tinham no intervalo para a "bucha", o ponto alto. As sardinhas em lata eram um manjar divino, com o cheiro a rosmaninho entrando pelas narinas.
Houve porém uma situação que me deixou confuso. A Joana farejou com entusiasmo e o meu pai, com um gesto, mandou "tudo quieto". Joana parou de focinho no ar e eu sentei-me numa pedra. Topei então, entre umas giestas mais à frente, uma perdiz a correr pelo chão, com as suas patas vermelhas e aquelas penas muito nice. O meu pai, de espingarda encostada à cara, não disparou, antes disse: "enxota". Joana deu um salto, a perdiz voou e PUM. A perdiz caiu e Joana foi buscá-la.
Perguntei-lhe porque não disparou com ela no chão, que era mais fácil acertar-lhe. Ele explicou que há coisas, que sendo mais fáceis, não devem ser feitas.
Custou-me a engolir.

PoiZé

3 comentários:

Fliscorno disse...

Gostei da prosa! Não conhecia o blog mas parece-me com pinta.
Abraço

Anónimo disse...

Bom Natal para si.
Abraço também.

Alien David Sousa disse...

Vi até aqui pelas mãos ( patas) da RAPOSA VELHA e ainda bem. Gostei bastante deste teu Post...e mais...estou a adorar ver o meu SCP por todo o lado ;)

Saudações alienígenas